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O curso foi facilitado pelo advogado Carlos de Melo Neto, consultor técnico em Justiça Juvenil do Instituto Tdh Brasil.
(Foto: Jonildo Glória/Uesc)
O Instituto Terre des hommes Brasil segue disseminando e fortalecendo a Justiça Restaurativa em diferentes regiões do País, com ações de formação e incidência política para a implantação da temática no ambiente escolar, na comunidade e no Sistema de Justiça Juvenil. Desta vez, a instituição realizou na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), em Ilhéus (BA), o Curso de Facilitadores em Círculos de Justiça Restaurativa e Construção de Paz em parceria com a própria Uesc. A formação contou com a participação de técnicos, professores e diretores de departamentos da universidade, que passaram a conhecer mais sobre a metodologia para aplicar no ambiente acadêmico, se tornando assim multiplicadores com o objetivo de fortalecer a cultura de paz. O curso teve início no dia 03 de junho e foi encerrado na tarde de hoje (07), concluindo a carga horária teórico-vivencial de 50h/a. O facilitador foi o advogado Carlos de Melo Neto, consultor técnico em Justiça Juvenil do Instituto Tdh Brasil.
Para o analista universitário da Uesc, Roberto Santos, a formação é de “extrema importância” para o ambiente institucional, porque a instituição não é composta apenas por prédios físicos, mas por pessoas, e pessoas que precisam ser cuidadas mutuamente umas pelas outras. “Quem constitui as instituições são pessoas e elas precisam aprender a se relacionar, porque uma instituição só cresce, só se desenvolve quando as pessoas estão entrosadas. Então, essa formação tem a sua relevância para nós que fazemos a Uesc porque está trabalhando questões relacionadas à escuta colaborativa e empática, porque a escuta empática consegue minimizar conflitos, consegue colocar em curso o que saiu dos trilhos. Então, foi um conhecimento novo que tivemos que só veio agregar”, ressaltou Roberto Santos. Segundo ele, a proposta na universidade é criar um grupo de multiplicadores para mediar os conflitos no ambiente acadêmico por meio do diálogo. “A formação é de fundamental importância para a nossa formação pessoal enquanto servidores, mas também para multiplicar isto na universidade”, complementou.
Na opinião da professora e diretora do Departamento de Ciências Biológicas da Uesc, Daniela Talora, se os próprios profissionais que atuam no espaço universitário não cuidar um dos outros e não trabalhar de forma acolhedora, a tendência é potencializar conflitos ao invés de você dirimi-los. “Na formação, aprendemos sobre as práticas restaurativas, começamos a entender como devemos fazer para escutar e acolher o outro, como trabalhamos o nosso interior de maneira que todos nós tenhamos possibilidade de expor aquilo que estamos a sentir e como estamos nos sentindo, como devemos agir para expor nossas fragilidades e dizer aquilo que é importante para nós mesmos e para o nosso grupo e aprendemos a como lidar com as diferenças”, relatou Daniela Talora. Para ela, saber como mediar adequadamente os conflitos é fundamental para que se estabeleça uma convivência saudável na universidade. “Eu acredito que pessoas acolhidas e que conseguem conversar melhor fazem muita diferença na sociedade. Se eu consigo fazer isso, motivar alguns alunos, modificar o pensamento de alguns professores, trabalhando de uma forma mais harmoniosa, entendo que isto terá um efeito bastante positivo para a universidade como um todo”, finalizou.
Sobre o Curso de Facilitadores em Círculos de Justiça Restaurativa e Construção de Paz
A formação tem como objetivo estimular a implementação da Justiça Juvenil Restaurativa através da capacitação de profissionais, jovens, famílias e comunidades a atuarem como facilitadores de círculos de construção de paz para fortalecimentos de vínculos e construção de sentidos de comunidades e, especialmente, na aplicação de processos circulares para resolução de conflitos e reparação de danos em casos de violência e ato infracional.
Ao longo do processo de formação, são abordados os seguintes temas: Fundamentos da prática de círculos de construção de paz, os pressupostos centrais, os tipos de círculos de construção de paz de acordo com seus objetivos, os elementos estruturantes dos círculos de construção, o equilíbrio no processo circular, as habilidades do (a) facilitador (a) de círculos, a aplicação dos círculos de construção de paz, os círculos de Justiça Restaurativa em suas etapas: pré-círculo, círculo e pós-círculo, o planejamento dos círculos de paz e o estágio supervisionado.
Após a conclusão das aulas presenciais, os cursistas passam para a fase prática (50h/a) com apoio técnico e supervisão, que se referente ao estágio de cinco meses, tendo como exigência a realização de no mínimo 10 círculos de construção de paz (de acordo com os tipos de círculos orientados pelo instrutor) para a certificação como facilitador de Círculos de Justiça Restaurativa e Construção de Paz.