Em Fortaleza, Kay Pranis discute a importância dos Círculos de Construção de Paz

A pesquisadora norte-americana comentou que os Círculos de Construção de Paz se estabeleceram no Brasil melhor que as outras práticas restaurativas (FOTO: Arquivo TdH)
A pesquisadora norte-americana comentou que os Círculos de Construção de Paz se estabeleceram no Brasil melhor que as outras práticas restaurativas (FOTO: Arquivo TdH)

Fortaleza recebeu, nos dias 4 e 5 de setembro deste ano, no auditório Gervásio Pegado,da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), workshop ministrado pela professora norte-americana Kay Pranis sobre a Justiça Restaurativa, tema no qual ela é referência internacional, além de pioneira.

O evento, que foi uma realização da Escola da Associação dos Juízes do Rio Grandes do Sul (Ajuris), contou com o apoio de Instituto Terre des Hommes Brasil (TdH) na capital cearense, teve como objetivo apresentar, vivenciar e discutir os conceitos subjacentes aos processos circulares na prevenção à judicialização, em casos judicializados, adolescentes em conflito com a lei, no ambiente escolar e comunitário, com ênfase tanto à prevenção da violência, como à transformação de conflitos.

Sobre

Renato Pedrosa, presidente de TdH, participou do evento (FOTO: Arquivo TdH)

Na abertura, o presidente de TdH, Renato Pedrosa, acolheu os(as) participantes, destacou a alegria de mais uma vez o Instituto contribuir coma vinda da Kay Pranis a Fortaleza e evidenciou a riqueza e o potencial restaurativo do evento.

Kay Pranis iniciou o workshop falando sobre as experiências dos Círculos durante a pandemia e corroborou as experiências do Brasil, onde, mesmo com a dificuldade do ambiente virtual, é possível estabelecer conexões no virtual.

Entre os destaques, a pesquisadora norte-americana comentou que os Círculos de Construção de Paz se estabeleceram no Brasil melhor que as outras práticas restaurativas devido a sua simplicidade para a condução, diferente de outras metodologias que não foram tão difundidas no País.

Ela comentou ainda que crianças também têm muito a contribuir com o círculo e podem participar plenamente desde que a proposta não seja engessada e permita a elas serem quem são em sua espontaneidade natural.

Mais de 100 pessoas participaram dos workshops ministrados por Kay Pranis que, além do Ceará, foram realizados no Distrito Federal, Maranhão, Piauí, Distrito Federal, Bahia, Sergipe, Pará, São Paulo, Rondônia e Pará (FOTO: Arquivo TdH)

Como exemplo, ela sugeriu que, ao realizarmos Círculos de Construção de Paz com crianças, uma atividade interessante seria pedir que cada criança emitisse um som ou batesse em algo, ou utilizasse um objeto para repercutir um som. Solicitando que uma criança começasse e conduzisse a batida inicial. E assim, cada criança, uma após a outra, de forma coletiva construiriam uma nova batida. Trabalhando a participação e a interação entre o grupo.

Ainda durante o workshop, a professora comentou que é possível trabalhar os Círculos de forma simples, como a celebração de aniversários em ambientes de trabalho ou ainda buscar ações que foquem nas qualidades e nos dons de cada profissional, reduzindo o surgimento de conflitos e diferenças.

“Os Círculos não têm medo de sentimentos”

Para o TdH, acredita-se que todo o momento de workshop com a Kay Pranis foi proveitoso e que suas ideias são precisas, devido à boa comunicação. Outro ponto importante foi a citação sobre o papel do facilitador e como ele pode se portar diante dos participantes do Círculo: facilitador por demonstrar sentimentos no círculo, mas não pode demonstrar desespero, entrar em pânico, pois os participantes precisam se sentir seguros.

“Facilitador pode chorar também”, disse Pranis em Fortaleza.

Mais sobre Kay Pranis

Kay Pranis é uma renomada especialista e professora norte-americana em Justiça Restaurativa, pioneira na prática dos Círculos de Construção de Paz. Ela iniciou sua jornada nos anos 90, trabalhando no sistema prisional de Minnesota. Ao longo dos anos tornou-se referência em Círculos de Construção de Paz aplicados nos mais diversos contextos.

Em sua primeira vinda ao Brasil em 2010, escreveu o manual “No Coração da Esperança” em co-autoria com Carolyn Boyes-Watson. Sua generosidade em permitir a tradução e o compartilhamento gratuito dessa obra foi fundamental para a disseminação dos círculos restaurativos em todo o país.

Além disso, Kay capacitou diversas turmas de facilitadores e instrutores no Brasil, aprofundando os conceitos e reflexões sobre a prática restaurativa. Ela também foi co-autora do manual “Círculos em Movimento – Construindo uma Comunidade Escolar Restaurativa”, lançado em 2015, que trouxe mais de cem modelos de círculos para diferentes situações. Ainda, é professora convidada em várias instituições de ensino nos Estados Unidos, Canadá e Coreia do Sul, contribuindo para a disseminação e aplicação da Justiça Restaurativa em contextos acadêmicos.

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