Como a análise do cenário ambiental cearense motiva jovens em projetos sustentáveis

A análise serve para fornecer uma visão geral e atualizada de um determinado cenário, identificando oportunidades, desafios, pontos fortes e fracos.

Conhecer para bem executar. Essa é uma das premissas do Instituto Terre des Hommes (TdH) Brasil em suas mais diversas áreas de atuação. Uma das primeiras ações que o Instituto adota ao iniciar um projeto é a realização de uma Análise Situacional, que objetiva compreender o ambiente em que o projeto está inserido.

Na prática, explica a assessora técnica em Saúde Ambiental, Patrícia Lima, a análise serve para fornecer uma visão geral e atualizada de um determinado cenário, identificando oportunidades, desafios, pontos fortes e fracos.

“Isso permite embasar decisões estratégicas, planejamentos e ações direcionadas, promovendo uma abordagem mais informada e eficaz”, diz. É justamente através deste conjunto de elementos que o Instituto Terre des Hommes (TdH) tem subsídios suficientes para uma boa aplicabilidade das ações de seus projetos.

Um dos projetos atualmente desenvolvidos pelo TdH é projeto “Adolescentes e jovens como protagonistas da saúde ambiental no nordeste do Brasil”, cujo um dos objetivos é sensibilizar a sociedade para as condições de risco social e pessoal das crianças, dos adolescentes e dos jovens e lutar pela melhoria das suas condições de vida através de assistência direta, de projetos de formação e de informação e de incidência política.

Nos primeiros meses de execução, o Projeto terá como foco o Estado do Ceará e, a partir de 2024, de forma gradual, ele se estenderá para os estados do Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte. Uma vez que o Ceará é ponto de partida deste projeto que, ao longo de três anos e meio, pretende mobilizar mais de 10 mil jovens, a análise situacional foi iniciada por ele.

“O objetivo [da análise] foi embasar esse projeto [ambiental] estratégico desenvolvido pelo Instituto Terre des Hommes em parceria com a KNH e BMZ que visa engajar jovens e adolescentes como protagonistas na promoção da saúde ambiental no Nordeste do Brasil”, reforça Patrícia.

O trabalho desempenhado por ela resultou na compreensão da situação atual dos problemas ambientais no Ceará, com foco em Fortaleza. “[A análise situacional] ofereceu uma visão abrangente das questões críticas que afetam a região, bem como, serviu para investigar o contexto de educação ambiental na cidade, identificando lacunas e oportunidades para envolver a comunidade, especialmente jovens, na promoção da sensibilização ambiental”, detalhou a especialista.

A análise avaliou, ainda, a saúde ambiental da região, “buscando compreender os desafios relacionados à qualidade do ar, água, solo e outros fatores que impactam a saúde da população”. Outra resultante da Análise foi identificação e mapeamento dos atores estratégicos e organizações que já atuam com a temática ambiental na cidade. Esse levantamento foi importante, ainda segundo Patrícia, para estabelecer parcerias e colaborações para fortalecer as iniciativas já existentes.

Assessora técnica em Saúde Ambiental, Patrícia Lima, realizou a análise situacional

TdH – Após a conclusão da Análise Situacional, como você avalia o papel dos jovens e adolescentes na abordagem dos problemas ambientais identificados? E de que forma eles podem ser agentes ativos de mudança nesse cenário?

Patrícia Lima – Eu vejo os jovens como atores essenciais para a mudança. Ao envolvê-los ativamente em projetos práticos, como campanhas de limpeza, workshops educativos e iniciativas ambientais, acredito que eles aprendem sobre sustentabilidade, e também se tornam multiplicadores de práticas ambientais saudáveis em suas comunidades.

Eles são verdadeiros agentes ativos de mudança, capazes de influenciar positivamente o cenário ambiental de maneira significativa. Eles podem ainda contribuir com ideias criativas para enfrentar desafios específicos, promovendo práticas sustentáveis de maneira original.

Percebo neles também o poder de liderar iniciativas locais, conectando-se com outros jovens e membros da comunidade. Enfim, eles se tornam essenciais na disseminação de conhecimentos sobre práticas sustentáveis, podem apresentar soluções inovadoras, liderar iniciativas locais e participar ativamente em decisões que afetam as suas comunidades, além de se tornarem defensores contínuos da saúde ambiental.

TdH – De que maneira a análise situacional contribuirá para a construção de parcerias eficazes com atores estratégicos e organizações na cidade?

Patrícia Lima – Ao longo da elaboração da análise situacional foi identificada uma base sólida de aproximadamente 40 atores estratégicos, englobando grupos, coletivos e instituições, todos alinhados com objetivos semelhantes. Essa identificação detalhada oferece uma base forte para a formação de parcerias sólidas.

A intenção é promover uma colaboração dinâmica, facilitando a troca efetiva de conhecimentos entre os participantes. Ao unir forças com esses atores, buscamos potencializar o impacto das iniciativas ambientais, fortalecendo assim o alcance e a eficácia das ações propostas no projeto.

TdH – Quais os principais gargalos e desafios observados/identificados na elaboração dessa Análise?

Patrícia Lima – Durante o processo de elaboração da análise situacional, alguns desafios e gargalos foram identificados. Um dos principais desafios foi a obtenção de dados específicos e atualizados sobre certos aspectos ambientais, o que demandou esforços adicionais de pesquisa e colaboração com diversas fontes.

Além disso, a avaliação de múltiplos fatores ambientais e a integração de diferentes perspectivas apresentaram desafios na busca por uma visão abrangente. A coordenação de informações de diversas fontes também se mostrou um desafio logístico, exigindo uma abordagem cuidadosa para garantir precisão e relevância.

TdH – Ao concluir a Análise Situacional, quais os próximos passos podem ser trilhados no que se refere ao avanço/mudança dos pontos críticos?

Patrícia Lima – Primeiramente, é essencial compartilhar os resultados de forma transparente e acessível com todas as partes interessadas, promovendo a conscientização e engajamento. O que já foi feito no momento de integração entre os jovens no acampamento realizado em dezembro de 2023.

É importante estabelecer um plano de ação claro, priorizando os pontos críticos identificados. Isso inclui a definição de metas específicas, prazos e responsabilidades. A colaboração com os atores estratégicos previamente identificados na análise é crucial, promovendo a formação de parcerias e a troca de recursos para implementar as iniciativas necessárias. Monitoramento contínuo também é importante para avaliar a eficácia das ações e ajustar estratégias conforme necessário.

O Projeto

Em agosto de 2023, o Instituto Terre des Hommes (TdH) Brasil iniciou o Projeto “Adolescentes e jovens como protagonistas da saúde ambiental no nordeste do Brasil”, tendo por objetivo a garantia do direito à saúde ambiental através de mobilização por parte de adolescentes e jovens.

Financiado pela entidade filantrópica alemã KNH e pelo Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha (BMZ), o projeto seguirá até fevereiro de 2027.

Outros objetivos do Projeto:

  • Criação de um grupo modelo de atuação, cuja missão é organizar uma rede entre jovens para que possam trabalhar a pauta do desenvolvimento ambiental. Essa rede foi instituída no final de 2023 e recebeu o nome de Rede Ambiental de Valorização de Ecossistemas em Restauração (Reaver);
  • Expandir a Rede juvenil pela saúde ambiental para mais três estados do Nordeste do Brasil: Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte;
  • Implantar conceito pedagógico participativo de educação ambiental em 12 escolas de Fortaleza e, posteriormente, torna-la modelo para outras escolas da Capital cearense;
  • Capacitar jovens e adolescente de modo que, ao fim do projeto, possam agir como multiplicadores, dando, assim, continuidade a Rede a longo prazo e de forma sustentável

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