TdH desenvolve projeto com foco na saúde ambiental tendo os jovens como atores protagonistas 

Ao longo de três anos e meios, 10 mil alunos serão diretamente impactados. O Projeto vai atuar em quatro estados do Nordeste: Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão 

Renato Pedrosa, presidente do Instituto TdH, fala sobre os objetivos e ações do Projeto Saúde Ambiental (Foto: Ascom TdH)

O termo ‘aquecimento global’ foi, ao longo dos últimos anos, muito difundido em todo o mundo diante da gravidade que repousa sobre a temática ambiental. Hoje, o cenário se apresenta ainda mais austero, tanto que uma nova termologia surgiu: ebulição global. A piora dos indicadores é um reflexo da deficiência nas políticas públicas e uma prova de que as ações ambientais ainda se mostram ineficientes para reversão de um quadro que avança em progressiva e assustadora escalada. 

Sensibilizado com este quadro global, cujo impacto maior recai sobre as crianças e jovens, o Instituto Terre des Hommes Brasil (TdH), que há quase quatro décadas se dedica na promoção e garantia dos direitos de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, desenvolveu – e pôs em execução neste ano de 2023 – um projeto de cunho ambiental mantendo os jovens como foco, afinal, o Instituto avalia que são eles os principais atores capazes de reverter a atual crise global.  

O advogado e presidente do TdH, Renato Pedrosa, ressalta que o Projeto “Adolescentes e jovens como protagonistas da saúde ambiental no nordeste do Brasil” foi gestado com o objetivo principal de sensibilizar a sociedade para as condições de risco social e pessoal das crianças, dos adolescentes e dos jovens que os problemas advindos do desequilíbrio ambiental podem ocasionar. 

O projeto, ainda conforme o representante legal do Instituto TdH, visa desenvolver estratégias que garantam melhoria das suas condições de vida desses jovens e adolescentes através de assistência direta, de projetos de formação e de informação ambiental e de incidência política. 

Como surgiu a ideia de criar um projeto ambiental no TdH? 

Renato Pedrosa – Uma das nossas permanentes estratégias do nosso modelo de ação é acompanhar e analisar o contexto dos direitos das crianças e adolescentes. Com isto, identificamos que as mudanças climáticas impactam diretamente nesses direitos e, novamente, tornam a infância e a juventude mais vulnerabilizadas. Com o contexto identificado, elaboramos um esboço do projeto e buscamos apoiadores que pudessem nos apoiar em nossa missão-base, que é garantir e defender os direitos de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. 

O Projeto conseguiu alcançar esse financiamento? Caso sim, qual a duração dele? 

Renato Pedrosa – Sim, obtivemos êxito. O projeto está cofinanciado pela Kindernothilfe, que é uma organização filantrópica e já parceira do Instituto, e também pelo Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ). Nesta primeira fase, o projeto teve início em agosto deste ano e se estende até fevereiro de 2027. 

Renato Pedrosa, presidente do Instituto TdH, fala sobre os objetivos e ações do Projeto Saúde Ambiental (Foto: Ascom TdH)

Quantos jovens e adolescentes serão impactados diretamente pelo Projeto? E quais regiões do Nordeste serão contempladas? 

Renato Pedrosa – O projeto foi concebido com base na teoria da mudança. Assim, a perspectiva é além de beneficiar diretamente mais de 10 mil estudantes de escolas públicas, 30 profissionais e 20 organizações que trabalham em prol do ambiente no Nordeste, contribuir para que crianças e adolescentes tenham um meio ambiente mais saudável. 

Em relações as regiões de atuação do Projeto, o Nordeste será priorizado, com foco de atuação nas capitais do Ceará, Maranhã, Piauí e Rio Grande do Norte.  

Quais os eixos de atuação do Projeto, e como eles serão desenvolvidos ao longo dos próximos anos? 

Renato Pedrosa – O Projeto Ambiental possui quatro eixos, com temas transversais. Essa composição foi pensada de modo a garantir, no curso de toda extensão do Projeto, a plena contemplação dos nossos objetivos, tanto os gerais, como os específicos. A intenção é, em 2027, atingir o público-alvo de 10 mil alunos, como já falei anteriormente, mas também deixar um legado. Queremos pavimentar uma estrada que, no futuro, possa ser mais e melhor trilhada por todos.  

• Criação, ampliação e fortalecimento de Rede Juvenil pela Saúde Ambiental: inicialmente, será constituída uma “Rede de Jovens” em Fortaleza (CE). Posteriormente, os jovens serão mobilizados em São Luís (MA), Teresina (PI) e Natal (RN), ampliando e fortalecendo a Rede; 

• Educação Ambiental: diversas ações de sensibilização, mobilização, formação e desenvolvimento de intervenções serão aplicadas em 12 escolas públicas na cidade de Fortaleza; 

• Advocacy: desenvolvimento de advocacy (incidência política), com o envolvimento ativo dos jovens em Fortaleza; 

• Formação de jovens multiplicadores para dar sustentabilidade a Rede Juvenil: ao término do Projeto, após acompanhamento e formação dos jovens, almejamos que essa ‘Rede’ seja sustentável e os jovens deem sequência na sua operacionalização. 

• Temas transversais: produção de conhecimentos sobre temáticas ambientais, desenvolvimento de plano de comunicação perpassam os componentes do projeto. 

Em 2027, quando o projeto for concluído, será feito uma série de recomendações aos agentes da esfera pública – nas competências municipal, estadual e federal – para criação e/ou aprimoramento de políticas públicas ambientais. Este diálogo com os entes públicos, que faz parte do eixo do Advocacy, é um dos pontos a se destacar do Projeto, uma vez que essa contribuição que pode incidir na mudança e criação de leis, por exemplo, pode gerar benefícios diretos para futuras gerações?  

Renato Pedrosa – Com certeza. As estratégias previstas são de fortalecimento de competências pessoais e institucionais, tendo a juventude com este agente de mobilizador, agregador e potencial nas temáticas ambientais. O trabalho será feito em parcerias com organizações da sociedade civil, organizações governamentais, coletivos, militantes, meios de comunicação e com a sociedade em geral visando contribuir com a operacionalização de leis, decretos, compromissos nacionais e internacionais.  

Em 2027, ao fim deste ciclo, qual grande legado o Projeto almeja deixar? 

Renato Pedrosa – São diversos. Primeiro, desejamos fortalecer as competências dos jovens, tendo as meninas como destaque. O desejo é que a juventude possa atuar rede em prol do meio ambiente. O Projeto visa ainda gerar operacionalização educação ambiental sustentável nas escolas.

Outro legado almejado é o de alcançar boas práticas de desenvolvimento sustentável e capacitar profissionais em temáticas ambientais, contribuindo para melhorias das práticas ambientais. Diria que outro importante legado será a sensibilização da sociedade como um todo. O desejo é de que o todas as ações a serem desenvolvidas ao longo do Projeto possa gestar uma sociedade mais consciente com as causas ambientais.  

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